quinta-feira, 13 de novembro de 2014

quarta-feira, 12 de novembro de 2014



Para pensar: 
Frequentemente fazemos, sem perceber, julgamentos severos com base em motivos nada consistentes ou, pior, preconceituosos. Na escola, é comum alunos serem discriminados por causa de sua aparência e seus hábitos. Você já observou como muitas vezes isso é uma manifestação de sentimentos de superioridade de alguns grupos sociais em relação a outros? 
- Pierre Bourdieu. 

Neste vídeo você pode acompanhar uma entrevista do sociólogo Pierre Bourdieu
Dica de Leitura

 Trabalho sobre Pierre Bourdieu


Vida e Obra

Pierre Félix Bourdieu nasceu em 01 de agosto de 1930 no vilarejo de Denguin, no sudoeste da França. Casou-se com Marie-Claire Brizard, teve três filhos Emmanuel, Laurent e Jérôme.
Bourdieu estudou num internato liceu de Pau, experiência que deixou nele profundas marcas negativas. Em 1951 ingressou naFaculdade de Letras, em Paris, e na Escola Normal Superior. Três anos depois, graduou-se em filosofia, assumindo a função de professor em Moulins. Prestou serviço militar na Argélia (então colônia francesa), onde retomou a carreira acadêmica e escreveu seu primeiro livro, sobre a sociedade cabila, “Sociologia da Argélia”.
 De volta à França, assumiu a função de assistente do filósofo Raymond Aron (1905-1983) na Faculdade de Letras de Paris e principia seus estudos acerca do celibato na região de Béarn. Filiou-se ao Centro Europeu de Sociologia, do qual posteriormente tornou-se secretário-geral. Bourdieu publicou mais de 300 títulos, entre livros e artigos, contribuindo significativamente para a formação do pensamento sociológico do século XX.
Em 1982 ministrou sua aula inaugural (Lições de Aula) no Collège de France (instituição que três anos mais tarde se associou ao Centro de Sociologia Europeia), propondo uma "Sociologia da Sociologia", constituída de um olhar crítico sobre a formação do sociólogo como censor e detentor de um discurso de verdade sobre o mundo social.
É consagrado Doutor 'honoris causa' das universidades Livre de Berlim (1989), Johann-Wolfgang-Goethe de Frankfurt (1996) e Atenas (1996). Morreu de câncer em Paris, em 23 de janeiro de 2002, depois de finalizar um curso acerca de sua própria produção acadêmica, que servirá de fundamento ao seu último livro, Esboço para uma autoanálise. Um ano antes de seu falecimento, um documentário sobre ele, Sociologia É um Esporte de Combate, havia sido um sucesso inesperado nos cinemas da França.

Algumas de suas principais obras:
•         “O poder Simbólico”;
•         “As Regras da Arte”;
•         “O Ofício do Sociólogo”;
•         “A Distinção: crítica social do julgamento”;
•         “Sociologia da Argélia”
•         “A Reprodução”

 

Influência na Educação
            Para Bourdieu, a escola é um espaço de reprodução de estruturas sociais e de transferência de capitais de uma geração para outra. É nela que o legado econômico da família transforma-se em capital cultural. E este, segundo o sociólogo, está diretamente relacionado ao desempenho dos alunos na sala de aula. Eles tendem a ser julgados pela quantidade e pela qualidade do conhecimento que já trazem de casa, além de várias “heranças”, como a postura corporal e a habilidade de falar em público. Os próprios estudantes mais pobres acabam encarando a trajetória dos bem-sucedidos como resultante de um esforço recompensado. Uma mostra dos mecanismos de perpetuação da desigualdade está no fato, facilmente verificável, de que a frustração com o fracasso escolar leva muitos alunos e suas famílias a investir menos esforços no aprendizado formal, desenhando um círculo que se auto-alimenta. Nos primeiros livros que escreveu, Bourdieu previa a possibilidade de superar essa situação se as escolas deixassem de supor a bagagem cultural que os alunos trazem de casa e partissem do zero. Mas, com o passar do tempo, o pessimismo foi crescendo na obra do sociólogo: a competição escolar passou a ser vista como incontornável.
            Bourdieu dedicou parte significativa de seus mais de 40 anos de vida acadêmica para os estudos no campo da Educação, tendo exercido influência em gerações de intelectuais de diversas áreas, mas principalmente aos que se dedicaram a estudos sobre educação. O francês Pierre empreendeu uma investigação do conhecimento que detectou um jogo de denominação e reprodução de valores, suas pesquisas exercem forte influência nos ambientes pedagógicos nas décadas de 1970 e 1980. A partir desse período essas teorias de reprodução foram criticadas por serem uma visão exagerada e pessimista sobre a escola. Embora a maioria dos grandes pensadores da educação tenha desenvolvido suas teorias com base numa visão crítica da escola, somente na segunda metade do século 20 surgiram questionamentos bem fundamentados sobre a neutralidade da instituição. Até ali a instrução era vista como um meio de elevação cultural mais ou menos à parte das tensões sociais. O francês Pierre Bourdieu empreendeu uma investigação sociológica do conhecimento que detectou um jogo de dominação e reprodução de valores.
            Uma das principais questões que Pierre Bourdieu levanta em suas análises diz respeito ao papel de democratização que era atribuído às escolas, no sentido de propor que no momento em que todas as pessoas estivessem presentes nas escolas, a sociedade se democratizaria pelo fato de que para tais teorias isto seria a garantia de que o indivíduo seria bem sucedido na sociedade devido à simples presença em tais escolas. Os estudos de Pierre Bourdieu vêm a demonstrar que as chances entre alunos são desiguais, alguns estariam numa condição mais favorável do que outros para atenderem às exigências, muitas vezes implícitas, da escola. Desta forma Bourdieu vai argumentar que o papel de democratização atribuído aos sistemas de ensino no sentido de diminuir a distância entre as classes e grupos é falso.
            A verdade da interação nunca está totalmente expressa na maneira como ela se nos apresenta imediatamente. Uma das mais importantes questões na obra de Bourdieu se centraliza na análise de como os agentes incorporam a estrutura social, ao mesmo tempo que a produzem, legitimam e reproduzem.
Corrente Teórica
            O enfoque da teoria estruturalista é na estrutura e ambiente, a teoria Estruturalista baseia-se no conceito de estrutura, que é um todo composto por partes que se inter-relacionam. Portanto, o todo é maior do que a simples soma das partes.
            De acordo com Chiavenato (2003), esta teoria caracteriza-se por sua múltipla abordagem, englobando em sua análise a organização formal e informal, recompensas materiais e sociais e entre outros, reconhecem os conflitos organizacionais, ditos como inevitáveis. Por fim, os estruturalistas fazem uma análise comparativa entre as organizações, propondo tipologias, como, a de Etzione (1980), na qual ele se baseia no conceito de obediência, e a de Blau e Scott (1970), que se baseia no conceito de beneficiário principal.
            As estruturas sociais podem ser entendidas como uma teoria a partir de conceitos-chave, ao aceitar a existência de estruturas objetivas, independentes da consciência e da vontade dos agentes. Mas deles difere ao sustentar que tais estruturas são produto de uma gênese social dos esquemas de percepção, de pensamento e de ação. Que as estruturas, as representações e as práticas constituem e são constituídas continuamente (Bourdieu, 1987:147).
            O estruturalismo de Bourdieu se volta para uma função crítica, a do desvelamento da articulação do social. O método que adota se presta à análise dos mecanismos de dominação, da produção de idéias, da gênese das condutas. A seguir apresento uma síntese operacional deste método. O meu propósito é contribuir para o desenvolvimento de pesquisas sobre estes temas em campos, como os da ciência da gestão, correlatos ao da sociologia.
            Para construir sua teoria, Bourdieu criou uma série de conceitos, como habitus e capital cultural. Todos partem de uma tentativa de superação da divisão entre subjetivismo e objetivismo. “Ele acreditava que qualquer uma dessas tendências, tomada isoladamente, conduz a uma interpretação restrita ou mesmo equivocada da realidade social”, explica Nogueira.

Habitus
            O conceito de habitus foi desenvolvido com o objetivo de pôr fim à contradição do indivíduo/sociedade dentro da sociologia estruturalista. Relaciona-se à capacidade de uma determinada estrutura social ser incorporada pelos agentes por meio de disposições para sentir, pensar e agir, mesmo que nem sempre de modo consciente. Ou seja, os hábitos não se diversificam a não ser que mude o tipo de ação, de fato, todas as ações da mesma espécie pertencem ao mesmo hábito.
            Estruturas sociais e agentes individuais se alimentam continuamente numa engrenagem de caráter conservador. É o caso da maneira como cada um lida com a linguagem. Tudo que a envolve: correção gramatical, sotaque, habilidade no uso de palavras e construções, etc. está fortemente relacionado à posição social de quem fala e à função de comprovar a ordem estabelecida. Para Bourdieu, todas essas ferramentas de poder são essencialmente arbitrárias, mas isso não costuma ser percebido. “É necessário que os dominados as percebam como legítimas, justas e dignas de serem utilizadas”, afirma Nogueira.

Capital cultural
            Outro conceito utilizado por Bourdieu é o de campo, para designar espaços da atividade humana nos quais se desenrolam lutas pela posse do poder simbólico, que produz e confirma significados. Esses conflitos consagram valores que se tornam aceitáveis pelo senso comum. No campo da arte, a luta simbólica decide o que é erudito ou popular, de bom ou de mau gosto. Dos elementos vitoriosos, formam-se o habitus e o código de aceitação social.
            Os indivíduos, por sua vez, se posicionam nos campos de acordo com o capital acumulado – que pode ser social, cultural, econômico e simbólico. O capital social, por exemplo, corresponde à rede de relações interpessoais que cada um constrói, com os benefícios ou malefícios que ela pode gerar na competição entre os grupos humanos. Já na educação se acumula sobretudo capital cultural, na forma de conhecimentos apreendidos, livros, diplomas etc.
            Com os instrumentos teóricos que criou, Bourdieu afastou de suas análises a ênfase central nos fatores econômicos – que caracteriza o marxismo – e introduziu, para se referir ao controle de um estrato social sobre outro, o conceito de violência simbólica, legitimadora da dominação e posta em prática por meio de estilos de vida. Isso explicaria por que é tão difícil alterar certos padrões sociais: o poder exercido em campos como a linguagem é mais eficiente e sutil do que o uso da força propriamente dita.


Referências:  

http://pt.wikipedia.org/wiki/Habitus, pesquisado no dia 28/10/2014.